quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

FELIZ ANO NOVO A TODOS!!!!!!!!!!!!!!!






Senhor, nesta Noite Santa,


depositamos diante de Tua manjedoura



todos os sonhos, todas as lágrimas e



esperanças contidos em nossos corações.





Pedimos por aqueles que choram



sem ter quem lhes enxugue uma lágrima.



Por aqueles que gemem



sem ter quem escute seu clamor.





Suplicamos por aqueles que Te buscam



sem saber ao certo onde Te encontrar.





Para tantos que gritam paz,



quando nada mais podem gritar.





Abençoa, Jesus-Menino,



cada pessoa do planeta Terra,



colocando em seu coração um pouco



da luz eterna que vieste acender



na noite escura de nossa fé.





Fica conosco, Senhor!




Assim seja!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Uma rainha que amava cavalos… e homens

Caravaque_catherine
Catarina, a Grande, nascida sob o nome de Sofia Augusta Frederica von Anhalt-Zerbst ficou conhecida por três grandes paixões: cavalos, homens e crueldade com seus opositores. Ela tomou o poder, com um grande golpe, tornando-se Imperatriz da Russia e trazendo a Era Moderna para o local.



Catarina, a Rainha Virgem
Peter_III_of_Russia_-1761A princesinha alemã foi para a Russia para casar-se com o Imperador Pedro III. Era 1762, e ela ficaria no poder por 34 anos. As dificuldades do casal começaram assim que as luzes do casamento se apagaram. Pedro queria ver todas e qualquer mulher… menos a sua. Essa pelo menos é a história oficial, porque historiadores dizem que na verdade o coitado não conseguia mesmo chegar aos finalmentes por ter uma fimose triste, que o impossibilitava de qualquer prazer. Coitado. Resultado: 8 anos de casamento e uma esposa virgem. Sem ter muito o que fazer, lá foi Catarina preencher seu tempo com estudo. Foi aí que um tal de Sergio Saltikov abriu um novo mundo para a rainha virgem.
Catarina acostumara-se com a boa vida, e já não podia viver sem um amante.

Fraco pelos homens…
Grigorij-PotiomkinQuem separava os rapazes que iriam para a cama de Catarina?? Seu ex amante. Um senhor feio chamado Gregorio Potemkin.  Muita gente acreditava que o dito era seu marido secreto. Bom, a rainha se apaixonou por ele quando ele ainda era oficial e provou ser bom no gatilho, apesar de ser horrendo. A foto ao lado prova o dito.

Pois bem. Terminado o romance, os dois se tornariam cúmplices, digamos assim. Ele não estava nem louco de cair das graças de uma rainha, e preferiu acoitar romances da mesma do que deixá-la.

Escolhidos como cavalos
Katharina-II-von-RusslandCatarina não era uma mulher fácil de domar. Mantinha e dispensava amantes com uma constância de dar inveja. Mas não era qualquer um que chegava à cama da rainha. Não. Antes, eles passavam por um teste de fogo: suas damas de companhia “provavam”, por assim dizer, o prato, antes dele chegar à ela.
Os motivos para caírem fora eram os mesmos já conhecidos por nós: tédio, traição e mágoa. Mas eles não saíam de maõs abanando. Geralmente ganhavam títulos e etrras, além da ordem de ficarem com os bicos fechados.

Eu até que sou fiel!
Catharina_Aleksejevna_by_GroothCatarina era amiga de Voltaire. E ele ralhou com ela dizendo que a mesma era inconstante em seus casos. Ela respondeu que não era. Era até fiel.
“A quem???” Perguntou, Voltaire.
“À beleza, naturalmente. Apenas a beleza me atrái!”.
Bom, a foto de seus amantes prova que não, belezura.

Quando não perde a cabeça é enterrada de cabeça pra baixo…

080501_pelliott_mp_his_tudors_catherine_parr1
Catarina Parr foi a última das esposas do rei Henrique VIII. Velho, obeso e doente, precisava mais de uma enfermeira do que de uma esposa, e Catarina, já viúva, sem filhos, servia muito bem a esse propósito.
Tudo bem que ela tinha umas convicções religiosas e mania de querer aprender as coisas e que ela quase foi mais uma das esposas do rei que teve a cabeça arrancada por isso. O monarca agonizava, e ela estava lá pronta para ler uns versinhos da bíblia ou endeusar o megalomaníaco deus Rei.
Pois bem, Catarina, além de tudo ainda teve a sorte de ser a única esposa oficial (Ana de Cleves não conta) a ver o Rei morrer!!!! Isso porque Henrique já tinha enterrado Catarina de Aragão (câncer), Ana Bolena (cabeça decepada), Jane Seymour (parto), Catarina Howard (cabeça decepada) e se divorciado de Ana de Cleves sem nem querer ver a cara da peça, que considerava horrenda. Isso vindo de um rei que estava mais ou menos assim na época:
Imagem-de-Henrique-VIII_01
Catarina ficou viúva do rei aos 39 anos, e ainda deu tempo de casar-se novamente, desta vez com Thomas Seymour, por quem era apaixonada. Engravidou, embora todos pensassem que fosse estéril, e morreu após o parto. Isso foi em 1547. Ela foi enterrada na capela do castelo de Sudely, que era de sua propriedade. Lá ela foi deixada em paz… durante algum tempo:


sudeley
Por volta de 1700 já tinham esquecido quem estava enterrada por lá. Os restos mortais de Catarina foram tão abandonados que ninguém sabia mais nem dizer o local exato onde ele tinha sido enterrado ou quem diabos era Catarina. Em 1782 quem morava no castelo era um tal de John Lucas, e ele acabou achando o caixão da rainha.
Ele resolveu, como qualquer curioso, abrir o caixão pra dar uma espiadinha e qual não foi sua surpresa quando verificou que a rainha estava QUASE intacta.
Isso, meus caros. Depois de 200 anos, ela tava melhor que muita gente por aí. Mas não por muito tempo. Após um ano exposto, o cadáver começava a exalar o odor característico que qualquer um tem o direito de ter.
Enfim, o que fizeram eles? Resolveram colocar uma laje de pedra sobre a tumba dela, pra evitar que curiosos fossem lá. Mas sabe o que aconteceu?
Um grupinho de bêbados resolveu dar o ar de sua graça. Decidiram que ela, como rainha, merecia um enterro digno e decente, e o fizeram: cavaram uma cova e enterraram a pobrezinha… de cabeça pra baixo:
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A façanha só foi descoberta no século XIX, quando reencontraram seu jazigo cheinho de hera. Dessa vez resolveram realmente honrar a pobre e deixa-la descansar em paz de uma vez por todas, instalando ela em uma capela em Sudely, onde ela jaz, feliz, até hoje.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

LIBERDADE


Liberdade é algo que sempre buscamos quando diretamente nos damos por conta de quem somos e o que a vida representa para nós.
Quando descubrimos quem somos e do que somos capazes de fazer e de realizar, partimos rumo a liberdade. Mas sinceramente, o que é liberdade ? O que ela representa para nós ?
Filosoficamente falando, no verdadeiro sentido epistemológico ( a filosofia tem dessas palavras assim!) , quer expressar a total liberdade da espontaniedade do ser racional (humano), sua independência e autonomia, sem ter que gerar alguma espécie de submissão, servidão e determinação...
È algo que todos querem , e algo que qualquer um pagaria qualquer preço para obtê-la, pois significa a capacidade de agir e ser como bem intender, sem ter que dever satisfações para quem quer que seja.
Liberdade pode ser a independência dos Estados Unidos da América (1776), queda do muro de Berlim (1889) que deu fim a divisão feita na Europa , pode ser a carteira de motorista ou um cartão de crédito , mas o que verdadeiramente liberta o homem ?
Sinceramente, observando o contexto político, econômico, social e cultural , somos livres ?

Reflita ...


O trabalhador é tanto mais pobre quanto mais riqueza produz , quanto mais cresce sua produção em potência e volume .O trabalhador converte-se numa mercadoria tanto mais barata quanto mais mercadorias produz . A desvalorização do mundo humano cresce na razão direta da valorização do mundo das coisas . O trabalho não apenas produz mercadorias ,produz também a si mesmo e ao operário como mercadoria , e justamente na proporção em que produz mercadorias em geral . (Karl Marx )



Nossas Lutas ...


Cada guerreiro tem sua luta , sua guerra a travar e combater.
Cada guerreiro possui armas , ringues e inimigos que somente ele tem e que logicamente , somente ele pode derrotar!
Talvez esse inimigo seja maior , como um gigante , não importa , o que importa é que cada guerreiro possue seu inimigo e ele sempre o afronta , sempre o testa ...de uma forma ou de outra parte pra covardia , tenta humilhá-lo a ponto de fazer com que se sinta um nada , afinal de contas , é isso que um adversário faz , testa nossos pontos fracos e nos mostra , a cada derrota nossa , que ainda somos muito fracos e frágeis , e que devemos treinar mais alguns anos para poder derrotá-lo .
Como alguém que acredita na vitória e em um Deus que tudo pode , sei que não posso e não de vou desistir de minhas lutas , mesmo que o meu adversário seja uma afronta ...
Se eu for derrotado , a vergonha será minha , a humilhação será minha , por isso preciso vencer , não somente por vencer , por arrogância , mas muito mais por honra , para provar para mim mesmo , que sou um guerreiro e que preciso ir além ....
Muitas coisas nos afrontam , mas o mais importante de tudo , é sempre ter fé , é sempre acreditar , pois se grande é a luta , grande será a vitória!



: : Revolução de Amor : :


"Se nossa geração for lembrada por Ipods, MySpace, Orkut e Youtube, nós erramos. Se a história falar de nossa geração como pioneiros individualistas da era digital, dos Reality Shows e celebridades nós teremos falhado nos nossos propósitos. Toda geração precisa de uma revolução e essa tem que parecer, soar, andar, e respirar AMOR.
Não é um conceito novo. É um conceito eterno. É a razão pela qual vivemos. É o chamado fundamental do que significa ser um seguidor de Cristo.
Ame a Deus. Ame as pessoas. É essa a revolução. Que revolucionário, eu sei. Mas, se nós compreendermos o que isso significa, se estabelecermos em nosso pensamento como isso é e começarmos a vive-la, nós mudaremos o mundo..." (Joel Houston , Hillsong United)



domingo, 7 de novembro de 2010

Cleópatra: uma das mulheres mais conhecidas da história

 



          A rainha Cleópatra foi uma das mulheres mais conhecidas da história da humanidade e um dos governantes mais famosos do Antigo Egito. É conhecida apenas por Cleópatra, ainda que tivessem existido outras Cleópatras a precedê-la, e que permanecem desconhecidas do grande público.
Nunca foi a detentora única do poder no seu país, na verdade co-governou com um homem ao seu lado: primeiramente o seu pai, o seu irmão (com quem casaria mais tarde) e, depois, com o seu filho.

          Sedutora e extremamente inteligente, Cleopatra sabia utilizar-se muito bem do poder que detinha. Num plano audacioso e arriscado, ela enviou a si própria, embrulhada dentro de um tapete, como presente a Júlio Cesar. Após desenrolar-se do tapete, seu argumento foi tão ousado quanto seu plano, ao dizer que havia ficado encantada com as histórias amorosas de César e assim queria conhece-lo. 
           A rainha retornou à terra natal após o assassinato de César, em 44 a.C. Ainda mais ambiciosa, ela tomou conhecimento da posição 
importante que Marco Antônio se encontrava na Anatólia, que ocupava o cargo de  governador da porção oriental do Império Romano. Estimulada pela ambição que lhe era comum, a rainha seduziu este outro romano iniciando com ele um relacionamento amoroso em 37 A.C. 


Algumas de suas excentricidades são citadas em livros de história:

- Ocupava vinte damas de companhia na preparação de seus banhos.
- Ficava até seis horas mergulhada na água extraída de plantas aromáticas.
- Cleópatra testava e eficiência de seus venenos dando-os aos escravos.
Em todos estes casos, os seus 
companheiros eram apenas reis titularmente, mas ela era a autoridade de fato.


sábado, 6 de novembro de 2010

Jeca Tatu - A História


Monteiro Lobato

Jeca Tatu era um pobre caboclo que morava no mato, numa casinha de sapé. Vivia na maior pobreza, em companhia da mulher, muito magra e feia e de vários filhinhos pálidos e tristes.
Jeca Tatu passava os dias de cócoras, pitando enormes cigarrões de palha, sem ânimo de fazer coisa nenhuma. Ia ao mato caçar, tirar palmitos, cortar cachos de brejaúva, mas não tinha idéia de plantar um pé de couve atras da casa. Perto havia um ribeirão, onde ele pescava de vez em quando uns lambaris e um ou outro bagre. E assim ia vivendo.
Dava pena ver a miséria do casebre. Nem móveis nem roupas, nem nada que significasse comodidade. Um banquinho de três pernas, umas peneiras furadas, a espingardinha de carregar pela boca, muito ordinária, e só.
Todos que passavam por ali murmuravam:
Que grandíssimo preguiçoso!
Jeca Tatu era tão fraco que quando ia lenhar vinha com um feixinho que parecia
brincadeira. E vinha arcado, como se estivesse carregando um enorme peso.
Por que não traz de uma vez um feixe grande? Perguntaram-lhe um dia.
Jeca Tatu coçou a barbicha rala e respondeu:

Não paga a pena.
Tudo para ele não pagava a pena. Não pagava a pena consertar a casa, nem fazer uma horta, nem plantar arvores de fruta, nem remendar a roupa.

Só pagava a pena beber pinga.
Por que você bebe, Jeca? Diziam-lhe.
Bebo para esquecer.
Esquecer o quê?
Esquecer as desgraças da vida.
E os passantes murmuravam:

Além de vadio, bêbado...
Jeca possuía muitos alqueires de terra, mas não sabia aproveitá-la. Plantava todos os anos uma rocinha de milho, outra de feijão, uns pés de abóbora e mais nada. Criava em redor da casa um ou outro porquinho e meia dúzia de galinhas. Mas o porco e as aves que cavassem a vida, porque Jeca não lhes dava o que comer. Por esse motivo o porquinho nunca engordava, e as galinhas punham poucos ovos.
Jeca possuía ainda um cachorro, o Brinquinho, magro e sarnento, mas bom companheiro e leal amigo.
Brinquinho vivia cheio de bernes no lombo e muito sofria com isso. Pois apesar dos ganidos do cachorro, Jeca não se lembrava de lhe tirar os bernes. Por que? Desânimo, preguiça...
As pessoas que viam aquilo franziam o nariz.
Que criatura imprestável! Não serve nem para tirar berne de cachorro...
Jeca só queria beber pinga e espichar-se ao sol no terreiro. Ali ficava horas, com o cachorrinho rente; cochilando. A vida que rodasse, o mato que crescesse na roça, a casa que caísse. Jeca não queria saber de nada. Trabalhar não era com ele.
Perto morava um italiano já bastante arranjado, mas que ainda assim trabalhava o dia inteiro. Por que Jeca não fazia o mesmo?
Quando lhe perguntavam isso, ele dizia:
Não paga a pena plantar. A formiga come tudo.
Mas como é que o seu vizinho italiano não tem formiga no sítio?
É que ele mata.
E porque você não faz o mesmo?
Jeca coçava a cabeça, cuspia por entre os dentes e vinha sempre com a mesma história:

Quá! Não paga a pena...
Além de preguiçoso, bêbado; e além de bebado, idiota, era o que todos diziam.

Um dia um doutor portou lá por causa da chuva e espantou-se de tanta miséria. Vendo o caboclo tão amarelo e chucro, resolveu examiná-lo.
Amigo Jeca, o que você tem é doença.
Pode ser. Sinto uma canseira sem fim, e dor de cabeça, e uma pontada aqui no peito que responde na cacunda.
Isso mesmo. Você sofre de anquilostomiase.
Anqui... o quê?
Sofre de amarelão, entende? Uma doença que muitos confundem com a maleita.
Essa tal maleita não é a sezão?
Isso mesmo. Maleita, sezão, febre palustre ou febre intermitente: tudo é a mesma coisa, está entendendo? A sezão também produz anemia, moleza e esse desânimo do amarelão; mas é diferente. Conhece-se a maleita pelo arrepio, ou calafrio que dá, pois é uma febre que vem sempre em horas certas e com muito suor. O que você tem é outra coisa. É amarelão.

O doutor receitou-se o remédio adequado; depois disse: "E trate de comprar um par de botinas e nunca mais me ande descalço nem beba pinga, ouviu?"
Ouvi, sim, senhor!
Pois é isso, rematou o doutor, tomando o chapéu. A chuva passou e vou-me embora. Faça o que mandei, que ficará forte, rijo e rico como o italiano. Na semana que vem estarei de volta.
Até por lá, sêo doutor!
Jeca ficou cismando. Não acreditava muito nas palavras da ciência, mas por fim resolveu comprar os remédios, e também um par de botinas ringideiras.

Nos primeiros dias foi um horror. Ele andava pisando em ovos. Mas acostumou-se, afinal...
Quando o doutor reapareceu, Jeca estava bem melhor, graças ao remédio tomado. O doutor mostrou-lhe com uma lente o que tinha saído das suas tripas.
Veja, sêo Jeca, que bicharia tremenda estava se criando na sua barriga! São os tais anquilostomos, uns bichinhos dos lugares úmidos, que entram pelos pés, vão varando pela carne adentro até alcançarem os intestinos. Chegando lá, grudam-se nas tripas e escangalham com o freguês. Tomando este remédio você bota p'ra fora todos os anquilostomos que tem no corpo. E andando sempre calçado, não deixa que entrem os que estão na terra. Assim fica livre da doença pelo resto da vida.
Jeca abriu a boca, maravilhado.

Os anjos digam amém, sêo doutor!
Mas Jeca não podia acreditar numa coisa: que os bichinhos entrassem pelo pé. Ele era "positivo" e dos tais que "só vendo". O doutor resolveu abrir-lhe os olhos. Levou-o a um lugar úmido, atrás da casa, e disse:
Tire a botina e ande um pouco por aí.
Jeca obedeceu.

Agora venha cá. Sente-se. Bote o pé em cima do joelho. Assim. Agora examine a pela com esta lente.
Jeca tomou a lente, olhou e percebeu vários vermes pequeninos que já estavam penetrando na sua pele, através dos poros. O pobre homem arregalou os olhos assombrado.

E não é que é mesmo? Quem "havera" de dizer!...
Pois é isso, sêo Jeca, e daqui por diante não duvide mais do que a ciência disser.
Nunca mais! Daqui por diante nha ciência está dizendo e Jeca está jurando em cima! T'esconjuro! E pinga, então, nem p'ra remédio...

Tudo o que o doutor disse aconteceu direitinho! Três meses depois ninguém mais conhecia o Jeca.
A preguiça desapareceu. Quando ele agarrava no machado, as arvores tremiam de pavor. Era pan, pan, pan... horas seguidas, e os maiores paus não tinham remédio senão cair.
Jeca, cheio de coragem, botou abaixo um capoeirão para fazer uma roça de três alqueires. E plantou eucaliptos nas terras que não se prestavam para cultura. E consertou todos os buracos da casa. E fez um chiqueiro para os porcos. E um galinheiro para as aves. O homem não parava, vivia a trabalhar com fúria que espantou até o seu vizinho italiano.
Descanse um pouco, homem! Assim você arrebenta... diziam os passantes.
Quero ganhar o tempo perdido, respondia ele sem largar do machado. Quero tirar a prosa do "intaliano".

Jeca, que era um medroso, virou valente. Não tinha mais medo de nada, nem de onça! Uma vez, ao entrar no mato, ouviu um miado estranho.
Onça! Exclamou ele. É onça e eu aqui sem nem uma faca!...
Mas não perdeu a coragem. Esperou a onça, de pé firme. Quando a fera o atacou, ele ferrou-se tamanho murro na cara, que a bicha rolou no chão, tonta. Jeca avançou de novo, agarrou-a pelo pescoço e estrangulou-a

Conheceu, papuda? Você pensa então que está lidando com algum pinguço opilado? Fique sabendo que tomei remédio do bom e uso botina ringideira...
A companheira da onça, ao ouvir tais palavras, não quis saber de histórias - azulou! Dizem que até hoje está correndo...

Ele, que antigamente só trazia três pausinhos, carregava agora cada feixe de lenha que metia medo. E carregava-os sorrindo, como se o enorme peso não passasse de brincadeira.
Amigo Jeca, você arrebenta! Diziam-lhe. Onde se viu carregar tanto pau de uma vez?
Já não sou aquele de dantes! Isto para mim agora é canja, respondia o caboclo sorrindo.
Quando teve de aumentar a casa, foi a mesma coisa. Derrubou no mato grossas perobas, atorou-as, lavrou-as e trouxe no muque para o terreiro as toras todas. Sozinho!
Quero mostrar a esta paulama quanto vale um homem que tomou remédio de Nha Ciência, que usa botina cantadeira e não bebe nem um só martelinho de cachaça.
O italiano via aquilo e coçava a cabeça.

Se eu não tropicar direito, este diabo me passa na frente, Per Bacco!
Dava gosto ver as roças do Jeca. Comprou arados e bois, e não plantava nada sem primeiro afofar a terra. O resultado foi que os milhos vinham lindos e o feijão era uma beleza.
O italiano abria a boca, admirado, e confessava nunca Ter visto roças assim.
E Jeca já não plantava rocinhas como antigamente. Só queria saber de roças grandes, cada vez maiores, que fizessem inveja no bairro.
E se alguém lhe perguntava:
Mas para que tanta roça, homem? Ele respondia:
É que agora quero ficar rico. Não me contento com trabalhar para viver. Quero cultivar todas as minhas terras, e depois formar aqui uma enorme fazenda. E hei de ser até coronel...
E ninguém duvidava mais. O italiano dizia:

E forma mesmo! E vira mesmo coronel! Per la Madonna!...
Por esse tempo o doutor passou por lá e ficou admiradíssimo da transformação do seu doente.
Esperara que ele sarasse, mas não contara com tal mudança.
Jeca o recebeu de braços abertos e apresentou-o à mulher e aos filhos.
Os meninos cresciam viçosos, e viviam brincando contentes como passarinhos.
E toda gente ali andava calçada. O caboclo ficara com tanta fé no calçado, que metera botinas até nos pés dos animais caseiros!
Galinhas, patos, porcos, tudo de sapatinho nos pés! O galo, esse andava de bota e espora!
Isso também é demais, sêo Jeca, disse o doutor. Isso é contra a natureza!
Bem sei. Mas quero dar um exemplo a esta caipirada bronca. Eles aparecem por aqui, vêem isso e não se esquecem mais da história.

Em pouco tempo os resultados foram maravilhosos. A porcada aumentou de tal modo, que vinha gente de longe admirar aquilo. Jeca adquiriu um caminhão Ford, e em vez de conduzir os porcos ao mercado pelo sistema antigo, levava-os de auto, num instantinho, buzinando pela estrada afora, fon-fon! fon-fon!...
As estradas eram péssimas; mas ele consertou-as à sua custa. Jeca parecia um doido. Só pensava em melhoramentos, progressos, coisas americanas. Aprendeu logo a ler, encheu a casa de livros e por fim tomou um professor de inglês.
Quero falar a língua dos bifes para ir aos Estados Unidos ver como é lá a coisa.
O seu professor dizia:

O Jeca só fala inglês agora. Não diz porco; é pig. Não diz galinha! É hen... Mas de álcool, nada. Antes quer ver o demônio do que um copinho da "branca"...
Jeca só fumava charutos fabricados especialmente para ele, e só corria as roças montado em cavalos árabes de puro sangue.
Quem o viu e quem o vê! Nem parece o mesmo. Está um "estranja" legítimo, até na fala.
Na sua fazenda havia de tudo. Campos de alfafa. Pomares belíssimos com quanta fruta há no mundo. Até criação de bicho da seda; Jeca formou um amoreiral que não tinha fim.

Quero que tudo aqui ande na seda, mas seda fabricada em casa. Até os sacos aqui da fazenda têm que ser de seda, para moer os invejosos...
E ninguém duvidava de nada.

O homem é mágico, diziam os vizinhos. Quando assenta de fazer uma coisa, faz mesmo, nem que seja um despropósito...
A fazenda do Jeca tornou-se famosa no país inteiro. Tudo ali era por meio do rádio e da eletricidade. Jeca, de dentro do seu escritório, tocava num botão e o cocho do chiqueiro se enchia automaticamente de rações muito bem dosadas. Tocava outro botão, e um repuxo de milho atraia todo o galinhame...
Suas roças eram ligadas por telefones. Da cadeira de balanço, na varanda, ele dava ordens aos feitores lá longe.
Chegou a mandar buscar no Estados Unidos um telescópio.

Quero aqui desta varanda ver tudo que se passa em minha fazenda.
E tanto fez, que viu. Jeca instalou os aparelhos e assim pode, da sua varanda, com o charutão na boca, não só falar por meio do rádio para qualquer ponto da fazenda, como ainda ver, por meio do telescópio, o que os camaradas estavam fazendo.

Ficou rico e estimado, como era natural; mas não parou aí. Resolveu ensinar o caminho da saúde aos caipiras das redondezas. Para isso montou na fazenda e vilas próximas vários Postos de Maleita, onde tratava os enfermos de sezões; e também Postos de Anquilostomose, onde curava os doentes de amarelão e outras doenças causadas por bichinhos nas tripas.
O seu entusiasmo era enorme. "Hei de empregar toda a minha fortuna nesta obra de saúde geral, dizia ele. O meu patriotismo é este. Minha divisa: Curar gente. Abaixo a bicharia que devora o brasileiro..."
E a curar gente da roça passou Jeca toda a sua vida. Quando morreu, aos 89 anos, não teve estátua, nem grandes elogios nos jornais. Mas ninguém ainda morreu de consciência tranqüila. Havia cumprido o seu dever até o fim.
Meninos: nunca se esqueçam desta história; e, quando crescerem, tratem de imitar o Jeca. Se forem fazendeiros, procurem curar os camaradas da fazenda. Além de ser para eles um grande benefício, é para você um alto negócio. Você verá o trabalho dessa gente produzir três vezes mais.
Um país não vale pelo tamanho, nem pela quantidade de habitantes. Vale pelo trabalho que realiza e pela qualidade da sua gente. Ter saúde é a grande qualidade de um povo. Tudo mais vem daí.
Nota da redação:
Este conto foi adotado como peça publicitária do Laboratório Fontoura. Adaptado em história em quadrinhos ou na forma de folheto, ou ainda fazendo parte de almanaques, teve até os anos 60 uma tiragem de cerca de 18 milhões de exemplares. Há testemunhos de que sua leitura transformou a vida de muita gente.

Fonte texto: Projeto Memória
Fonte Imagens: Sociedade Obreiros do Bem

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

fotos de Kirsten Dunst, no filme de Sofia Coppola







Maria Antonieta: A última rainha da França






Maria Antonieta: A última rainha
Menina austríaca que virou soberana da França, Maria Antonieta usou o luxo para se impor na corte de Versalhes. Mas, às vésperas da Revolução Francesa, seu mundo estava condenado a desaparecer
por Reinaldo José Lopes
Virar ícone de uma época – representar uma classe, um modo de pensar e de viver – é destino para poucas pessoas. Uma delas, sem dúvida, foi a austríaca Maria Antônia Josefa Johanna von Habsburg-Lothringen, ou simplesmente Maria Antonieta. O problema é que, dependendo de quem a julga, ela é vista de jeitos completamente diferentes. A controvérsia começou ainda na época de sua morte, no fim do século 18. De um lado, era tida como símbolo da arrogância e da insensatez da monarquia francesa. De outro, era admirada como uma mártir, quase uma santa, sacrificada por loucos que tinham se voltado contra a ordem sagrada das coisas.

Durante muito tempo, a discórdia prosseguiu e, no meio da briga, sobrava pouco espaço para quem queria conhecer a Maria Antonieta de carne e osso. Nos últimos anos, porém, historiadores têm se esforçado para trazer à tona uma imagem mais equilibrada da rainha. Os novos estudos mostram que Maria Antonieta não foi uma mulher fútil e ingênua, mas uma mestra em usar o glamour como arma para se firmar numa corte estranha e hostil.

“Maria Antonieta entendeu que ser uma rainha significava essencialmente interpretar um papel. Mais que isso, ela logo descobriu que, por meio de mudanças na moda, ela podia modificar esse papel e até fugir dele”, afirma a pesquisadora americana Caroline Weber, especialista em cultura francesa do século 18 e autora de Queen of Fashion (“Rainha da moda”, inédito em português). “Isso mostra que, até certo ponto, ela tinha uma percepção bem sofisticada e muito moderna do poder da imagem para mudar a realidade.”

Mas toda a astúcia com que Maria Antonieta se firmou na corte de seu marido, o rei Luís XVI, não lhe serviu de nada quando estourou a Revolução Francesa, em 1789, que proclamou a liberdade e a igualdade para todos os cidadãos. Foi uma das maiores reviravoltas da história, considerada o marco que separa a Idade Moderna da Idade Contemporânea. Era o fim do que ficaria conhecido como o “Antigo Regime”, em que os privilégios da nobreza estavam acima de tudo. Era o fim do mundo de Maria Antonieta.

Tudo para trás

A trágica saga de Maria Antonieta começa em Viena, Áustria, numa corte bem menos chique que a da França. Em 2 de novembro de 1755, a imperatriz Maria Teresa deu à luz uma menina pequenina, porém saudável. Era Maria Antônia, seu 15º bebê. O pai, Francisco I, era imperador do Sacro Império Romano-Germânico (que, naquela época, unia frouxamente algumas nações da Europa Central). Mas, apesar da pompa do cargo, não era ele quem mandava. A titular do comando do Império era Maria Teresa, que também era arquiduquesa da Áustria e rainha da Hungria e da Boêmia (hoje parte da Alemanha).

A imperatriz era uma brilhante estrategista política. Detestava perder tempo – aproveitou o parto de Maria Antonieta, por exemplo, para extrair um dente. Mas, apesar de ser viciada em trabalho, era uma boa mãe. Preocupava-se até com a formação musical dos filhos, que tinham contato com alguns dos músicos mais talentosos da Europa. Um deles foi o prodígio Mozart, recebido em Viena com apenas 7 anos. Reza a lenda que, ao andar pelo chão encerado do palácio, ele teria levado um tombo. Maria Antonieta, meses mais velha que ele, teria corrido para ajudá-lo e lhe dado um beijo na bochecha. “Você é bondosa. Quando crescer, quero me casar com você”, teria dito Mozart.

Mas a mãe tinha outros planos para o futuro da menina. Com a morte de Francisco I, em 1765, Maria Teresa buscou se aproximar das outras cortes européias. Usou uma estratégia bastante comum na época: ofereceu suas filhas em casamento. Maria Antonieta se tornou, assim, pretendente de Luís Augusto, neto do rei francês Luís XV. Com a morte prematura dos pais, o rapaz havia se tornado o delfim, herdeiro do trono. A idéia de Maria Teresa era criar uma aliança duradoura com a França, que vivia entrando em conflito com a Áustria e outros membros do Sacro Império.

A corte francesa resistiu bastante à união com a família austríaca, mas, em 1769, veio a proposta oficial de casamento. As diferenças entre os noivos não poderiam ser maiores. Segundo os relatos da época, Maria Antonieta tinha uma impecável pele branca, boca carnuda, cabelos louros e olhos azuis. Caminhava e dançava com elegância. Já Luís Augusto, um ano mais velho que ela, parecia ter crescido demais para a idade. Era desengonçado, absurdamente tímido e considerado um palerma pela corte francesa. Seu único traço aparente de nobreza eram os belos olhos azuis (mas, como ele não levava mesmo jeito para a perfeição, era levemente míope).

O casamento aconteceu em abril de 1770, numa igreja de Viena. E teve toda a cara de arranjo político, já que foi feito por procuração. No altar, Maximiliano, irmão da noiva, fez o papel do delfim. Logo após a cerimônia, um cortejo com 57 carruagens se pôs a caminho da França. Por exigência da nova pátria, ao chegar à fronteira com a França, Maria Antonieta foi obrigada a deixar para trás tudo o que tivesse alguma relação com a Áustria. Não apenas seu enxoval e suas damas de companhia, mas até as roupas que usava. Maria Antonieta despiu-se e recebeu um vestido dourado para continuar a viagem.

Em território francês, a jovem conheceu Luís XV, então com 60 anos. Depois foi a vez do noivo. Luís Augusto, que tivera pouquíssimo contato com mulheres e certamente era virgem, acabou dando apenas um beijo rápido no rosto de Maria Antonieta. Uma nova cerimônia de casamento foi celebrada em Versalhes, o subúrbio nos arredores de Paris onde residia a corte francesa. Sob os olhos atentos da nobreza, o casal se retirou para a cama. Ali aconteceu algo que iria se repetir durante anos: “Nada”, como escreveu o delfim no seu diário, na manhã seguinte.

Versalhes é uma festa

Não foi fácil para a menina de 14 anos se adaptar à nova vida na França. Claro que Maria Antonieta apreciava estar vivendo no palácio de Versalhes, o mais esplendoroso da Europa. Mas as complicadas regras de etiqueta da corte francesa a irritavam um bocado. Para piorar, a privacidade era praticamente inexistente – em tudo o que fazia, ela era observada pelos membros da corte. Além disso, por ter sido criada num ambiente quase puritano, Maria Antonieta não engolia o costume dos nobres franceses de terem amantes “oficiais”. Era o caso do próprio Luís XV, que, viúvo, levava às festas da realeza a ex-prostituta Madame du Barry.

O estranhamento da jovem com a nobreza francesa fez com que ela fosse apelidada, pejorativamente, de l·Autrichienne, “a Austríaca”. “A parte mais antiga da corte considerava Maria Antonieta uma arrivista sem nenhum senso da civilidade, do refinamento e da elegância francesa”, diz Caroline Weber. Por algum tempo, a princesa teve que suportar a má fama. Até que, em 1774, o rei morreu de varíola. Luís Augusto e Maria Antonieta viraram, assim, os soberanos da França. Num piscar de olhos, a rainha usou sua nova posição para criar uma vida de sonho. Dispensou boa parte das antigas damas de companhia, povoou a corte de gente jovem e bonita e ganhou do marido, agora chamado de Luís XVI, o charmoso palácio do Petit Trianon (que antes pertencera a Madame du Barry), em Versalhes. Maria Antonieta organizava corridas de cavalo e se divertia em passeios de carruagem a toda velocidade.

O que mais fascinava a rainha, entretanto, era o agito da noite parisiense (a cidade, então uma das maiores do mundo, tinha 600 mil habitantes). Além de freqüentar óperas e teatros, Maria Antonieta adorava participar de bailes a que as mulheres compareciam mascaradas. Assim, podia se misturar com plebeus sem ser reconhecida. Como Luís XVI adorava acordar cedo, ele não se incomodava em deixá-la ir se divertir sem ele. O rei, aliás, parecia satisfeito em fazer as vontades de sua esposa. Como ela gostava de jogar cartas, Luís XVI instalou um cassino particular em Versalhes. Na estréia da nova atração, a rainha jogou durante 36 horas seguidas. Perdeu uma boa quantia de dinheiro dos cofres da coroa. Nada comparável, claro, ao que ela gastava para aumentar sua coleção de diamantes.

O poder do glamour

Por trás desse mundo de diversão e festas, Maria Antonieta tinha que suportar muitas pressões. Os nobres que haviam sido excluídos do convívio com a rainha não paravam de caluniá-la. Segundo Caroline Weber, o jeito de Maria Antonieta reagir era manipular sua aparência. “Ela usava a moda como um instrumento político, como forma de aumentar ou sustentar sua autoridade em momentos em que ela parecia estar sob risco, como nos sete anos que se passaram antes que ela tivesse um filho”, diz. Por meio de novas roupas, sapatos e penteados, a rainha se impôs, colocando-se acima de qualquer mulher francesa.

“Foi uma atitude inédita para uma rainha”, afirma Caroline. “Antes, as soberanas francesas tinham de projetar uma imagem dócil, vivendo longe dos holofotes. Quem tentava se envolver em política e exibir seu poder por meio de roupas luxuosas eram as amantes dos reis.” A família real francesa sabia da influência que as amantes costumavam ter nos rumos do governo. Por causa disso, havia exigido, durante as negociações com a mãe de Maria Antonieta antes do casamento, que a futura rainha fosse sedutora o bastante para que o rei não encontrasse distração fora de casa. Deu certo. Fosse por causa da beleza de Maria Antonieta ou pela própria falta de apetite sexual, Luís XVI não dava suas escapadas. O problema é que ele tampouco deixava Maria Antonieta meter a colher na política, o que irritava profundamente Maria Teresa, que insistia que a filha tentasse transformar o monarca num fantoche a serviço de seus interesses.

A posição de Maria Antonieta na corte francesa melhorou bastante depois que ela e Luís XVI finalmente tiveram seu primeiro bebê. Em 1778, nasceu Maria Teresa, batizada em homenagem à avó (a imperatriz morreria dois anos depois). O tão esperado delfim, Luís José, veio em 1781. “Com o nascimento de um filho homem, Maria Antonieta assumia a posição tradicionalmente forte de qualquer rainha da França que tivesse produzido um delfim”, conta a historiadora britânica Antonia Fraser, autora do livro Marie Antoinette – The Journey (“Maria Antonieta – a jornada”, inédito no Brasil), que serviu de inspiração para o filme de Sofia Coppola sobre a personagem, que deve estrear por aqui em março.

Depois do nascimento do herdeiro, Maria Antonieta ganhou coragem para desafiar ainda mais os costumes de Versalhes. Quando teve os últimos dois filhos, um menino e uma menina, ela se recusou a dar à luz em público, quebrando a tradição da corte francesa. A essa altura, Maria Antonieta parecia viciada em flertar com a impopularidade. Flertar, aliás, tinha se tornado uma rotina na vida dela desde o fim dos anos 1770, quando conhecera o belíssimo conde sueco Axel Fersen. Se não existem provas de que eles chegaram a ter relações sexuais, há poucas dúvidas de que os dois se amavam: os diários de Fersen, em linguagem cifrada, falam de uma “Josefina”, que certamente era Maria Antonieta.

Tragédia anunciada

Entre 1779 e 1782, Maria Antonieta e o conde Fersen tiveram que se separar. Ele estava na América, lutando ao lado das tropas francesas pela independência dos Estados Unidos. A saudade do amado foi o maior impacto que a guerra teve sobre o cotidiano da rainha. Nessa época, ela transformou parte do Petit Trianon numa réplica das vilas camponesas da França, com casinhas simples, vacas e ovelhas. Para completar o faz-de-conta, Maria Antonieta passou a se fantasiar de pastora.

Longe de Versalhes, os camponeses de verdade e o resto do povo francês viviam um período difícil. A economia cambaleava, com o governo atolado em dívidas. Os gastos com a guerra na América, que acabou em 1783, só pioraram o cenário. Maria Antonieta ganhou, então, um novo apelido: “Madame Déficit”. Os gastos da rainha tinham um impacto mínimo no total das despesas da nação, é verdade. Mas seus hábitos extravagantes se tornaram o principal alvo da revolta popular contra tudo o que havia de errado no governo.

A péssima colheita de 1788 deixou os camponeses famintos e desesperados. Enquanto isso, a classe média (a burguesia) reclamava dos privilégios dos nobres. Debaixo de tantas críticas, Luís XVI tomou a pior decisão de seu reinado. Convocou, para maio de 1789, uma reunião dos chamados Estados Gerais: uma assembléia reunindo representantes do clero, da nobreza e do povo. Em vez de apoiar as tímidas reformas que o rei pretendia fazer, os Estados Gerais logo foram dominados pelos não-nobres. Em 9 de julho, eles conseguiram criar a Assembléia Nacional Constituinte. Enquanto os camponeses de toda a França se revoltavam contra seus senhores e o povo de Paris destruía a Bastilha (prisão-símbolo do autoritarismo do rei), a assembléia abolia o regime feudal e os privilégios da nobreza.

Em outubro, o povo rebelado invadiu Versalhes. Durante duas noites de agonia, Luís XVI e Maria Antonieta ficaram sitiados com os filhos, vários nobres e uns poucos guardas. Aos gritos, a multidão exigiu a presença da rainha no balcão do palácio. Quando ela apareceu, sua figura altiva acalmou um pouco os ânimos. Mas a família real acabou aceitando as reivindicações do povo: aceitou abandonar a “ilha da fantasia” de Versalhes e se estabelecer em Paris.

A Assembléia Nacional
exigiu então que o rei governasse com uma câmara de representantes do povo. Mas Luís XVI não aceitava dividir o poder. Em junho de 1791, ele e a rainha tentaram fugir da França, mas foram pegos e levados de volta a Paris. Sem alternativa, passaram a esperar ajuda da nobreza de outros países. Maria Antonieta manobrou nos bastidores para que seus parentes atacassem a França. A Assembléia Nacional acabou facilitando: como queria expandir a revolução pela Europa, ela deu apoio para que Luís XVI declarasse guerra contra a Áustria. Auxiliadas pela Prússia (hoje parte da Alemanha), as forças inimigas invadiram o país e ameaçaram marchar sobre Paris se a família real sofresse algo. O fato foi visto pelo povo como sinal de que Luís XVI era um traidor.

Em 20 de setembro de 1792, as forças francesas detiveram os invasores. No dia seguinte, a república foi proclamada e a família real foi presa. O ódio contra a nobreza atingiu o ápice. Uma das melhores amigas da rainha, a princesa de Lamballe, foi linchada. Enfiada na ponta de um pedaço de pau, sua cabeça foi levada até a janela da cela de Maria Antonieta, que entrou em pânico e desmaiou.

Em janeiro de 1793, Luís XVI foi guilhotinado. Isolada na prisão, Maria Antonieta passou a vestir apenas preto. Foi levada a julgamento, acusada até de incesto com o filho mais novo. O processo não trouxe qualquer evidência concreta contra Maria Antonieta. Quando o júri exigiu uma explicação sobre o incesto, a ex-rainha gritou: “Se não respondi, foi porque a natureza se recusa a responder tal acusação feita a uma mãe. Apelo às mães aqui presentes!” Foi o único momento em que o público protestou em sua defesa. Condenada à morte, Maria Antonieta viveu um papel que não combinava com ela, o de vítima. Em 16 de outubro de 1793, foi guilhotinada em praça pública.

Estilo Antonieta
A rainha tinha até uma "ministra de moda"
Quando queria dar um recado à corte, Maria Antonieta usava a moda para se expressar. Diariamente, a rainha recebia a visita da modista Rose Bertin, conhecida como “ministra da Moda”. Desses encontros saíram roupas e acessórios que fariam os carnavalescos do Brasil se roer de inveja. E que inspiram os estilistas até os dias de hoje.

Superculotes

Avessa aos espartilhos, a rainha gostava de destacar o colo, dando formas volumosas às ancas. Na cintura, cestos de palha, cobertos por anáguas, eram a estrutura desse visual

A Galope

Maria Antonieta chocou a corte e os plebeus ao cavalgar pelos campos. Para facilitar o esporte ela passou a usar calças e foi a platéia que quase caiu do cavalo.

400000 livres* - preço estimado do enxoval de Maria Antonieta

2000 a 5000 livres - preço médio do guarda-roupa de um casal de nobres

13 livres - roupas de um plebeu

* Segundo historiadores, um livre, a moeda corrente da época, é o equivalente a algo entre 40 e 65 reais

Dreads

Na coroação de Luis XVI, o pior lugar foi atrás da rainha. Por causa de seu penteado, ninguém conseguia ver nada. A nobre exigia perucas novas e temáticas para cada ocasião.

3 quartos de Versalhes eram usados como guarda-roupa da rainha

Na Passarela

John Galliano criou, em 2000, uma coleção inteira de alta-costura para a Christian Dior inspirado em Maria Antonieta

Rainha
do palco
Maria Antonieta liderava uma trupe de nobres
A enjoada corte de Versalhes resistia às inovações trazidas por Maria Antonieta. Mas uma delas, pelo menos, caiu no gosto da nobreza: as apresentações de teatro em que a rainha bancava a atriz ao lado de outros nobres. Tudo começou em 1780, quando o rei, sabendo da paixão da esposa pelo teatro, a presenteou com um palco particular no palácio do Petit Trianon. O local passou a abrigar várias montagens da troupe des seigneurs (“trupe dos nobres”, em francês), formada pela rainha e seus parentes. Eles puseram em cena diversas peças do repertório clássico francês, em que Maria Antonieta gostava de representar burguesas e simples camareiras. Luís XVI, que não tinha muito jeito para a coisa, limitava-se a assistir e vibrava com o desempenho da esposa. E claro que nem todos ficaram contentes em Versalhes. A rainha distribuía convites apenas para as pessoas de sua preferência, passando por cima da etiqueta da corte e sem respeitar o ranking dos títulos de nobreza. Ignorando as reclamações, Maria Antonieta ainda comprava outras brigas no mundo do teatro. Um caso famoso foi o do dramaturgo Pierre de Beaumarchais, autor da peça As Bodas de Fígaro. A obra incluía uma crítica pesada à nobreza da França e, por isso, foi censurada. Fã de Beaumarchais, a rainha conseguiu fazer com que Luís XVI liberasse a peça. A estréia em Paris foi tão polêmica que Beaumarchais passou cinco dias na cadeia. Mesmo assim, Maria Antonieta encenou ela mesma outra peça do autor, O Barbeiro de Sevilha, e ainda o convidou para assistir à montagem no Petit Trianon.

Paozinho da discordia
Maria Antonieta nunca disse a frase do brioche
"Se não têm pão, que comam brioches!” A frase virou ditado usado até hoje para criticar qualquer governante insensível. Ela teria sido dita por Maria Antonieta durante sua coroação, em 1774, quando soube que o povo das províncias francesas não tinha pão para comer. Tudo isso, porém, não passa de lenda. É consenso entre os historiadores que a rainha nunca disse a frase, que acabou sendo usada contra ela durante a Revolução Francesa. Mas como é que esse dito foi parar na boca de Maria Antonieta? A pista mais provável vem do livro Confissões, do filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, publicado pela primeira vez em 1778. Lá ele diz: “Recordo-me de uma grande princesa a quem se dizia que os camponeses não tinham pão, e que respondeu: ‘Pois que comam brioche’”. Os registros históricos disponíveis, entretanto, mostram que, na época de sua coroação, Maria Antonieta se preocupava com a situação dos pobres. Numa de suas cartas à mãe, ela chega a comentar o alto preço do pão. E acrescenta: “Tendo visto as pessoas nos tratarem tão bem, apesar de suas desgraças, estamos ainda mais obrigados a trabalhar pela felicidade deles”. Outra controvérsia, que não tem nada a ver com Maria Antonieta, envolve as origens do protagonista da discórdia, o brioche. Com características mistas de pão e bolo, ele pode ser servido com coberturas e recheios doces ou salgados. Há quem diga que o brioche nasceu na Normandia (norte da França). Mas outras fontes apontam raízes austríacas, como as da família da rainha. 




Saiba como preparar deliciosos brioches

Ingredientes

1 kg de farinha de trigo especial

150 g de açúcar

20 g de sal

10 g de fermento biológico

650 g de ovos (cerca de 1 dúzia)

600 g de manteiga em temperatura ambiente

Preparo

1. Misture os ingredientes até formar uma massa homogênea, que não grude

2. Deixe descansar por 20 minutos, cobrindo a vasilha com um pano úmido

3. Amasse novamente a massa durante 10 minutos

4. Divida a massa em 5 bolas de 500 g. Deixe descansar na geladeira por 12 horas

5. Transforme cada bola em uma bisnaga e coloque-as numa forma de pão untada

6. Deixe crescer por uma hora e meia (ou menos, se a temperatura ambiente for maior do que 24 ºC)

7. Pincele a parte de cima dos brioches com um ovo batido e leve para assar em forno pré-aquecido a 180 ºC, de 35 a 45 minutos

Saiba mais
Livros

Maria Antonieta, Antonia Fraser, Record, 2006

Um guia extenso sobre a vida da rainha. Inspirou o filme sobre a personagem que deve chegar às telas brasileiras em março.

Maria Antonieta
– A Última Rainha da França, Evelyne Lever, Objetiva, 2004

Escrito por uma das mais respeitadas historiadoras francesas, dedica especial atenção à vida privada da rainha.

Queen of Fashion – What Marie Antoinette Wore to the Revolution, Caroline Weber, Henry Holt, 2006

Interpreta a paixão da rainha pela moda como sinal de sua necessidade de projetar uma imagem de glamour e poder.

Post-Sriptum
Trono francês, sotaque"brasileirrô"
Bisneta de dom Pedro II e neta da princesa Isabel, a condessa de Paris, Isabel de Orleans e Bragança, foi biógrafa (e fã assumida) de Maria Antonieta
Lucia Monteiro
Por telefone:

– Alô, é do Instituto da Casa Real da França?

– Sim.

– Por favor, eu gostaria de falar com o senhor Henrique de Orleans, o conde de Paris.

– Pois não, sou eu mesmo.

Em frente à igreja Saint Augustin, na região central de Paris:

– Princesa Chantal, a senhora chegou faz tempo?

– Não, não faz nem cinco minutos.

– Como a senhora veio?

– De metrô. É tão prático...

As cenas acima ocorreram quando a reportagem de História em Paris entrou em contato com membros da família real francesa. Mais de dois séculos após a Revolução, pouca coisa os distingue do resto dos mortais. Se ainda houvesse monarquia na França, Henrique de Orleans, nascido em 1933, seria o mais provável ocupante do trono. Chantal, 13 anos mais nova, é sua irmã caçula. Ambos são filhos de Isabel de Orleans e Bragança, morta em 2003. O sobrenome parece familiar? Não é por acaso: Isabel era bisneta de dom Pedro II e foi batizada em homenagem a sua célebre avó, a princesa que assinou a nossa abolição da escravatura, em 1888. Parente distante de Maria Antonieta, Isabel representava como ninguém a ligação (sanguínea, inclusive) entre as nobrezas francesa e brasileira.

Em 1931, aos 19 anos, Isabel tornou-se a condessa de Paris ao casar com o primo Henrique de Orleans, então postulante ao trono francês (ao morrer, em 1999, ele passou esse direito ao filho homônimo). No começo, o casal e seus 11 filhos tiveram que morar no exterior. Tudo por causa da Lei do Exílio, do fim do século 19, que proibia o pretendente ao trono de pisar em território francês. A família morou no Marrocos, na Espanha e em Portugal. Retornaram à França após a revogação da lei, em 1950.

Anos depois, Isabel chegou até a cogitar a possibilidade de se tornar rainha da França. Segundo a princesa Chantal, o general Charles de Gaulle, eleito presidente em 1958, insinuou a seu pai que criaria uma monarquia constitucional no país. “Foi nossa única ilusão”, diz Chantal. “Ele seduziu meu pai e nós todos começamos a imaginar como seria nossa vida no Palácio do Elysée, onde hoje é a sede da presidência.”

Nos anos 1970, o casamento de Isabel acabou. Um dos motivos foram os gastos de Henrique, que dilapidava o patrimônio da família real com suas extravagâncias. Ela passou, então, a viver sozinha num apartamento em Paris. Mas Isabel não virou uma senhora reclusa. À noite, arrumava sempre uma festa para ir (como ainda ocorre com seus filhos, ela recebia dezenas de convites para jantares e coquetéis). Nunca saía mal vestida, estava sempre de coque ou de chapéu. E não era raro que, ao reconhecer Isabel, pessoas dobrassem os joelhos diante dela, em sinal de reverência.

Quando morreu, em julho de 2003, Isabel tinha viagem marcada para o Rio de Janeiro. Ela falava português fluentemente e era muito próxima de seus irmãos Pedro e João (morto em 2005) no Brasil. A condessa iria com a secretária Françoise Bertrand, sua fiel escudeira por 16 anos. “Ela tinha fascinação pelo Brasil”, diz Françoise. “Sonhava organizar uma exposição sobre a nobreza brasileira na cidade de Eu, no castelo onde nasceu.” O castelo, aliás, foi vendido à prefeitura local pela família, mas a condessa manteve um chalé no jardim, onde passava temporadas. Até os 81 anos de idade, quando sofreu um acidente na estrada (saiu ilesa após bater de frente com um caminhão), ia para lá dirigindo sozinha seu Audi.

Isabel adorava escrever. Publicou seis livros, sobre sua própria vida e a de nobres de outras épocas. Em Moi, Marie-Antoinette (“Eu, Maria Antonieta”, inédito no Brasil), escrito em primeira pessoa, a condessa encarna a rainha às vésperas da execução. Rememora desde a infância na Áustria até a prisão.

Nas 200 páginas do livro, a narradora descreve com detalhes, por exemplo, “seu” romance com o príncipe sueco Axel Fersen (e pede perdão a Deus por ter traído o marido). Mas por que Isabel escreveu um livro de memórias de Maria Antonieta? A própria condessa responde, na introdução: “Tenho um pouco do sangue de Maria Antonieta nas veias. Talvez por isso eu entenda tão bem seu calvário e a angústia que sentiu em suas últimas horas de vida”.

Vida (real) de princesa
Chantal de Orleans e Bragança, caçula da família real francesa, começou a andar sozinha de ônibus aos 11 anos
História – O que representa ser princesa na França de hoje?

Princesa chantal – Em primeiro lugar, é um dever. Preciso estar sempre à altura das pessoas que me convidam para as mais diversas coisas. Em alguns momentos, penso que gostaria de esconder que sou uma princesa para poder ser eu mesma. Ficar o dia inteiro de calça jeans, pintando... Mas não me permito ficar isolada, me fechar.

Como foi sua infância?

A gente morava em Louveciennes, a 20 quilômetros de Paris. Tínhamos um Chrysler grande, com dez lugares, mais o do motorista. Ele saía para Paris todo dia no mesmo horário. Na volta, devíamos nos encontrar num determinado local. Quem perdesse a viagem pegava o trem. Comecei a andar sozinha de ônibus aos 11 anos e, de trem, aos 13.

Mas isso não parece uma infância de princesa...

Lembro a primeira vez que fui reconhecida na rua, eu tinha 12 anos. O ônibus que me levava todas as semanas para o colégio interno quebrou e todas as meninas puderam descer para dar uma volta enquanto o motorista fazia o conserto. Uma mulher passou e gritou: “Olha lá, é a filha do conde e da condessa de Paris!” Fiquei com medo e voltei para o ônibus. Era como se minha privacidade tivesse sido invadida. Quando cheguei em casa, contei o ocorrido para minha mãe, que me disse que isso era normal, que eu não deveria ter medo. Ela era sempre reconhecida nas Galeries Lafayette (um dos mais tradicionais magazines de Paris), onde comprava de tudo, para todo mundo. E gostava disso.

Você tem orgulho de pertencer à família real francesa?

Sim, às vezes. Faço parte da história, tenho parte da história da França em minhas veias. Mas isso para mim é algo natural, pois fui criada assim. Só houve uma vez em que me vali realmente da minha situação. Estava em uma recepção em Mônaco e o duque de La Rochefoucault estava impaciente para entrar na sala de jantar, mas tínhamos de esperar a princesa. Fiquei tão irritada que lhe falei para respeitar o protocolo. Na hierarquia, ele só poderia entrar depois de mim e, na sala de jantar, teria direito apenas a um banquinho.

Como assim?
Antigamente, os reis ganhavam as melhores poltronas, príncipes e princesas sentavam-se em cadeiras e os duques tinham direito a bancos, no fundo.

Mas isso é passado, não?

Nem tanto. São tradições que continuam sendo respeitadas.

Revista Superinteressante